sábado, outubro 18, 2008
Laços da vida
Mas e quando teimam a se afrouxar?
Laços são para testemunhar.
Mas e quando calam?
Laços são para alegrar.
Mas e quando despertam lágrimas?
Laços são para enfeitar.
Mas e quando amarrotam?
A vida é feita de pequenos e grandes laços.
De cetim ou de corda, vão dando forma e força à vida.
Vão dando sentido e segurança à existência.
Mas a vida me diz que não somos tão donos desses laços como possa parecer.
Eles têm matéria prima fugidia.
E há um pó mágico que os apertam e afrouxam
Que os cegam e os fazem ver
Que o embelezam e os amarrotam.
E então, o que fazer?
Pois o pó mágico é dado pela vida.
Criá-lo é como negar sua magia.
Procurá-lo é como provocar o feiticeiro.
E esperá-lo é como parar a vida.
terça-feira, abril 22, 2008
Vida
De uns tempos pra cá tenho sido obrigada a pensar e ver algo bem real, mas que de fato, nunca dei tanta importância como penso deveria dar. E penso também que talvez eu não esteja só nessa atitude displicente. Tenho me deparado, e talvez nem seja por causa das circunstâncias reais, mas algo em mim que me fez abrir os olhos para tal... assunto?! Assim, tenho me percebido inquieta. Seja lá o que ISSO seja é algo difícil de ser falado, uma prova bem real desse fato é a quantidade de palavras já escritas aqui e nem ao menos disse o que de fato me propus a falar. Enfim, deixemos de tantos arrudeios e vamos lá. Morte: é disso que quero falar hoje.
Como disse, esse... tema?! Vem me perseguindo durante um tempo e hoje me deparei com uma frase onde fui O-BRI-GA-DA literalmente a pensar sobre. Literalmente! E a frase foi: Como você percebe a morte? Deu algum tipo de branco em você ao ler isso aqui? Tomara que sim, pois na ocasião, tive um belo e longo branco de ausência. E nosso velho companheiro do charuto Freud já disse: quanto maior a negação, maior o buruço! (Freud conhecia mesmo essa palavra?) Mas voltando: Sim, sim... PRA MIM! A pergunta foi pra MIM. Pronto! Foi o que bastou para me sentir e me ver encurralada, agora sim não há mais saída, vou ter de ir ao porão da minha alma e buscar essa resposta. No entanto, na ocasião não falei bem por MIM. Logo me veio a mente Sêneca e sua idéia sobre a brevidade da vida, e como ele acredita que para ter uma morte aceitável é preciso antes de tudo ter uma vida aceitável e ainda sua bela frase: “Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida.”
A única imagem de morte que me vem a mente é uma caveira rindo. Caricaturado, nao?! Penso que na realidade a morte não é tão engraçada assim. Ela sempre vem, e quando vem sempre transforma o que há em algo pior ou ainda (por que não?) pra melhor. Um dia lendo alguém em um livro (nomes, pra que eles nos servem?) me deparei com algo que nunca esqueci, pois fiz relação comigo mesmo e como as pessoas me tratavam quando estava perto da morte (exagerada? entenda como queira) e ele dizia que o grande dilema da superação do luto é conseguir conviver com os sentimentos ambiguos que permeiam a mente daquele que sofre com a morte de alguém próximo. Pois ele dizia que ao morrer, o sujeito passava por um tipo de purificação simbólica que o isentava da capacidade de suscitar algum tipo de sentimento ruim. Mas quem é capaz de sentir apenas sentinentos bons em relação a quem quer que seja? Vivo ou morto, todos nós temos um céu e um inferno dentro de nós. E como perceber um inferno em alguém que "coitado, morreu"? É, talvez seja difícil falar sobre a morte pelo o que ela representa para quem fica: A falta! A sensação de que não há mais nada a fazer. Porque a morte em si, talvez seja apenas mais uma etapa da vida. Com isso, Sêneca talvez esteja mesmo certo: Viva seu dia como se ele fosse último. E digo ainda, aproveite as pessoas como se elas nao estivessem mais aqui amanhã. Eita, Carpe Diem ou não?! xD
Enfim, na dúvida da morte, o melhor é viver a certeza da vida!
sexta-feira, fevereiro 01, 2008
Na dúvida, o mais nobre
Sensações
Certezas
Dúvidas
Medo!
Medo?
Por que?
Porque!
Será?
É...
Medo...
Todos dizem pra ter medo!
Mas não, aqui não, aqui não é preciso tê-lo
Não aqui, não hoje, não agora
Mas sim, talvez sim
Medo de ir e não voltar;
De aprender a ser feliz do modo mais feliz e mal se acostumar
Será?
É...
Mas alguém já ousou tentar explicar?
O que é isso que te que enche de dúvidas e certezas?
O que poder ser isso que te faz voar com os pés no chão?
Que te faz ter medo sorrindo?
Que te prende solta?
Que te faz acreditar ouvir anjos?
Na dúvida, só pode ser ele,
o mais nobre.
Na dúvida só pode ser ele,
O mais bonito e sincero amor.
*dedicado ao feticiero de olhos brilhantes
sábado, dezembro 15, 2007
Hoje foi diferente...
Não estou nesse mundo para viver de acordo com as suas expectativas,
e você não está neste mundo para viver de acordo com as minhas.
Você é você e eu sou eu.
E se por acaso nos encontramos, é lindo.
Se não, não há a fazer"
Hoje...
domingo, dezembro 02, 2007
Fim - Começo
Mas já que o bom mesmo é começar, porque então não começar mesmo no fim?
Porque esperar começos tão concretos, como um novo ano, pra começar algo de fato?
Mesmo sabendo que os anos foram invenções para organizar de alguma maneira os nossos dias, há algo de simbólico nessa forma de contar a vida. Talvez a cada giro do planeta, saia algum pozinho mágico que dê um sentimento de realização. Ou será que as coisas são bem mais reais e menos simbólicas? Fomos condicionados a pensar que junto com o começo de um novo ano, virá também novas idéias, realizações de novos sonhos, projetos... e a: ESPERANÇA! Até porque quando vai chegando o fim do ano, não tem como evitar ter aquela velha música na cabeça: “Hoje é um novo dia, de um novo tempo que começou. Nesses novos dias, as alegrias serão de todos é só querer. Todos os nossos sonhos serão verdade. O futuro já começou. Hoje a festa é sua ...” Olhem só que coisa mais mágica esse tal de “ano novo”: um novo tempo, onde os sonhos serão verdades. Deveria haver um novo ano em cada final de mês. Assim, não precisaríamos esperar tanto para os nossos sonhos se tornarem possíveis. Ou então, mais empenhos de nós mesmos em realizar “aquelas idéias” que nunca saem do papel. Mas quem não precisa de um grande ou pequeno empurrãozinho pra andar? E pra esses eu digo: “O ano novo está chegando!” E com ele realizações... ou não! E se não... o ano nunca demora a terminar, é só esperar 2009 chegar!
E por falar nisso,
eu já disse o quanto gosto de fins?
Feliz FIM a todos nós!
terça-feira, novembro 13, 2007
Devaneio
Com você!
Sim, me peguei sonhando!
Na verdade, logo me dei conta do que acontecia, estava acordada
Desse modo pude aproveitar cada segundo como nunca antes
No mesmo instante,
algo me disse que nasci para sentir aquele momento
Estava chovendo,
mas ao mesmo tempo fazia um lindo sol, daqueles que aquecem sem machucar
Eu entrava em tua casa!
E ao te ver,
Você fingia que não era você
E eu, sem medo de me perder, também fingia que não era eu
Mas mesmo nesse ser não sendo
Nós nos reconheciamos
Então eu te pegava;
Te guarda em uma caixa,
somente para o meu prazer egoista.
Você me olhava presenteando-me com um lindo sorriso de anfitrião
Eu dizia fingindo timidez:
posso te ter por um pra sempre?
Você me dizia com seu olhar docemente feliz:
sim, sou teu por um pra sempre.
Um pra sempre daqueles que nao liga se um dia deixar de ser pra sempre!
sábado, outubro 27, 2007
Palavras: vítimas ou algozes?
Por que essas tais palavras existem?
Se dentro das convenções lingüísticas, que permitem o mínimo de interação entre as pessoas, cada um entende e aprende a partir de suas próprias vivências, pra que mesmo elas existem?
Será mesmo que elas conseguem alcançar um de seus objetivos que é facilitar a interação humana?
Não sei!
Eu vejo é que cada vez mais, há a invenção de palavras pra dar conta dessa tal comunicação e nunca me parece o bastante!
Será que não seriamos mais felizes se apenas sentíssemos um ao outro?
Não, não! Não acho que esteja sendo romântica demais, nem tão pouco anti-científica. Afinal de contas você pode até estar pensando: e como o saber científico, ou popular, seria passado de geração à geração?
Sobre esse assunto (forçadamente) eu indico uma leitura: “O mal da civilização” escrito por Freud. Como a maioria dos escritos dele, há uma aparente enrolação que por alguns momentos pode até tirar o leitor do sério, mas no final da leitura, acaba entendo, dentre tantas coisas, o quanto de idéias ele passou. Seu papel, como leitor, é perceber isso.
Mas ele coloca que um dos males da civilização, de outrora, que não difere muito das de hoje, são os desejos criados. Ou colocando uma palavra menos psicanalítica: O mal são as vontades criadas. Já faz um bom tempo que li esse livro, mas me lembro bem de um exemplo que Freud coloca. Ele fala de uma mãe que sofre por ter um filho longe, por não poder ter um modo mais rápido de visitá-lo. Pois bem, o mesmo mal que ela sofre por não existir é o mesmo mal que levou o seu filho pra longe: a civilização. Se não houvesse o trem que levasse seu filho pra longe, ela não sofreria pelo desejo que haja um avião, por exemplo, para trazê-lo de volta mais rápido. O tempo todo estamos criando desejos para suprir e compensar outros.
Um dia, nem lembro porque, um professor meu do ensino médio disse uma coisa que jamais esqueci, ele estava concordando com Freud e talvez ele nem soubesse disso: “O poço dos desejos é um poço sem fim”.
Mas o que isso tudo tem haver com as palavras?
Pois é, juro que tem haver!
Se homem algum é uma ilha em si mesmo, as idéias muito menos.
Nós nunca vivemos em um mundo onde essas danadas, chamadas palavras, não existissem, como poderemos saber se o mundo seria melhor ou pior sem elas? Já nascemos sabendo que elas são essências a qualidade da nossa sobrevivência, agora cabe a nós aceitarmos e criarmos outras formas de desenvolvê-la. Assim como a civilização. Não adianta muito alguém aparecer e dizer: vamos todos andar à pé, porque em alguns anos vamos até querer voar! Mas o que estou dizendo?! Nos já sabemos voar! O mesmo cabe as palavras...
A palavra é algo tão complexo e significante, que há quem acredite que a saúde mental e o auto-conhecimento só é possível através dela. Mas como uma pessoa que estuda pra ser um agente que fornece um espaço pra que se dê esse auto-conhecimento e saúde mental, fico pensando se sou capaz mesmo de me apropriar e dar conta desse tal código... se há quem possa se apropriar ou mesmo entender as palavras do outro de maneira integral e verdadeira. Talvez esse seja o motivo de os analistas afirmarem que dentro de um setting terapêutico, os inconscientes conversam. E pelo que eu entendo as palavras não entram ai!
Eu acredito, sim, que as pessoas possam até falar a mesma língua, mas nem sempre falam, as mesma palavras, com o mesmo sentido e intenção. Talvez por isso, prezo tanto por aquelas expressões: “Como assim?” “O que você quis dizer com isso?”
E ainda, diante de tudo: Talvez as palavras tenham vindo e consigam mesmo alcançar seu objetivo de facilitar a interação humana. E eu fico colocando a culpa do problema do mundo nas coitadas das palavras. È triste pensar, mas quem sabe Schopenhauer, com seu pessimismo, tenha mesmo razão quando disse que os humanos interagindo são como porcos espinhos com medo do frio? Não há como se encontrarem de maneira fácil e segura.
Então... Quem quer fazer uma greve de palavras com a minha pessoa?
Seria no mínimo interessante!
Ou então, quem sabe, eu não roubo a idéia de José Saramago* em criar uma cidade onde só existem cegos e uma outra onde as pessoas não morrem, e escrevo uma estória onde as pessoas não falam?
Essa eu bem que queria ver!
Contar uma estória onde as pessoas não usam palavras!
Quem sabe em um tempo onde as energias sejam comercializadas de maneira prática eu não consiga?!
E como sempre: tenho de terminar como comecei!
Palavras são vitimas ou algozes?
*Ensaio sobre a cegueira e Intermitências da morte